O Folguedo do Boi de Mamão


O Boi de Mamão é o folguedo da Ilha de Santa Catarina com maior atração popular, embora cada vez menos encontrado no cotidiano de seu povo.

Tem influência da colonização açoriana, embora não tão marcadamente quanto as demais manifestações folclóricas advindas dos Açores como a Dança do Pau-de-Fitas, a renda de bilro, o Pão por Deus, o Terno de Reis.

O folguedo do Boi de Mamão do folclore catarinense é um auto que, como no resto do Brasil e com outras designações, conta uma história épica e catequética de morte e de ressurreição. O boi catarinense, menos dramático e místico, tem um tom mais cômico e gracioso, como é próprio do povo "gozador" de Santa Catarina.


Muitas são as figuras que podem integrar a brincadeira e suas aparições variam conforme a localidade onde é encenada. Além do personagem título e do Arauto, que anuncia a chegada de Mateus e seu fantástico boi, são criaturas cativas: a presunçosa Cabra, o Urubu que se delicia com a possibilidade de comer o defunto; o médico e o curandeiro que entram em cena para salvar o bicho, vítima, quem sabe, de mal-olhado; a Bernúncia querendo engolir a todos; a Dona Maricota, que bate em todos que ridicularizam seu namoro com o Zezinho.

O registro mais antigo das apresentações do Boi de Mamão nas ruas pacatas de cidades litorâneas catarinenses data de 1871, segundo o historiador José Arthur Boiteux. Apesar das controvérsias que envolvem sua etimologia, há um consenso sobre a primeira designação de Boi de Pano (seguida de Boi de Palha). Já a derivação para o Boi de Mamão pode ser atribuída a algumas hipóteses, sendo as mais prováveis a que credita ao fato da cabeça do "bicho" ser feita de um mamão verde ou ao uso de bebidas alcoólicas para encenar a brincadeira e que deixava o dançarino do boi "mamado".

Além dos personagens, a brincadeira conta com um cantor, que narra a história e a banda de músicos que o acompanha, contando como formação mais aprimorada com acordeon, violão, cavaquinho, pandeiro, tamborim e chocalhos.